Ontem fui num restaurante CARO aqui em Floripa com meu crush. Era pra ser um encontro romântico. Pedimos então um prato para dividir e este acompanhava uma salada. A salada era: umas fatias de tomate sem gosto, alface murcha, cenoura ralada há 10 dias e umas rodelas de cebola crua. O romantismo morreu neste momento e deu lugar ao puro suco da vergonha! Obviamente, ninguém tocou na salada e ela foi intacta para o lixo, do jeitinho que veio da cozinha. Isso me deixou tão desconfortável, afinal, não é a primeira vez que isso acontece.
Essa salada péssima ficou na minha cabeça por horas, martelando com uma série de questões.
Até quando vamos normalizar saladas ruins e um desperdício enorme de comida? Por que os restaurantes simplesmente não investem numa boa salada, com um bom molho e principalmente com uma combinação inusitada, criativa, de sabores que realmente foram pensados e não simplesmente jogados no prato?
Por que a salada é tratada como item obrigatório de um cardápio e não um potencial carro chefe de um restaurante?
Bem, essa “crise” me fez pensar numa fórmula perfeita para criar saladas incríveis toda vez que você se propuser a fazer uma. Seja em casa ou em um restaurante.
Então, se você, assim como eu, AMA salada, mas DETESTA passar por isso que eu passei, anote essas dicas e se possível, mande para os restaurantes que também te decepcionaram.
*Anatomia de uma salada digna de um prato principal:
1- Bons ingredientes
Não adianta nada juntar um milhão de ingredientes se eles não tem qualidade! Isso não significa: aspargos, queijo brie, pistache e bla bla bla... Significa sabor! E isso provavelmente implica em ingredientes não processados, naturais, orgânicos e sazonais. Ou seja, comprados na feira do seu bairro. Segue o raciocínio: se eles são orgânicos e eles estão na sua feira é porque eles estão na sua melhor época, na sua melhor versão. Não foram forçados a amadurecer, não foram plantados onde não costumam ser cultivados e por isso não estão lotados de veneno.
Você não tem acesso a orgânicos ou eles ainda são muito caros na sua cidade? Procure o que há de mais barato no mercado e que ainda assim seja bonito. Isso é um sinal de que aquele alimento está na época e também não é importado. A manga, por exemplo: tem época que ela está cara e muito verde. Se você comer essa manga, vai ter a pior experiência da sua vida e vai ter pago caro por isso! Desnecessário né?
Então pronto! Vamos para o próximo elemento.
2- Vegetais crus
Vegetais crus trazem crocância, frescor e nutrientes preservados para nossa salada. É essencial ter pelo menos um: Folhas, ervas, brotos, rabanete, aipo, cenoura, pepino, abobrinha, tomate… Ou frutas, para garantir algo doce e trazer mais contraste de sabores.
Mas aqui está A dica: Se for usar mais de um, invista em cortes diferentes. Os cortes fazem toda diferença numa salada e podem mudar sua textura e até seu sabor.
3- Vegetais cozidos ou assados
Eles trazem mais profundidade de sabor e uma textura mais macia para a salada. Pense num tomate seco! Ou então, tempere alguns vegetais com sal, azeite e alguma especiaria ou ervas frescas e asse até caramelizar. Isso vai trazer umami, um toque defumado e mais complexidade pra sua salada. Vale abóbora cabotiá, berinjela, batata doce, alho poró, brócolis, couve flor, repolho…
4- Proteína
Para que a salada se torne uma refeição completa, ela deve te dar aporte proteico e te satisfazer. Tofu ou tempeh fritinho com shoyu, queio coalho tostado, muçarela de búfala, feijões, lentilha ou quinoa cozidos al dente, ovos, carne, frutos do mar… Além de nutrientes, esses elementos vão trazer muito sabor e textura pra sua salada dos deuses.
5- Grãos e cereais
Que tal um arroz negro assado até ficar crocante? Um cuscuz de milho? Uma bifum ou penne? Umas sementinhas de abóbora tostadas? Castanhas? Esses elementos são saborosos, dão volume, textura e, junto à leguminosa, formam a proteína perfeita para os vegetarianos. Ah, uma granola salgada também vai muito bem!
6- Um bom molho
O que vai unir todos esses elementos, trazer potência de sabor, suculência e untuosidade para nossa salada é um bom molho. E este molho deve ser constituído daqueles famosos elementos: sal, acidez, gordura, dulçor e quem sabe umami e picância?
Geralmente uma emulsão perfeita num molho é garantida pela proporção de 3 para 1. Ou seja: 3 de gordura para 1 de ácido.
O ácido pode ser limão, laranja, iogurte, vinagre, maracujá, molho de tomate, balsâmico ou quem sabe um picles.
A gordura pode ser azeite, óleo de coco, pasta de amendoim, tahine, abacate ou uma mistura deles.
O sal pode ser sal mesmo ou suas diferentes versões (Maldon, flor de sal, sal rosa, sal negro….), mas também pode ser shoyu, missô, mostarda, parmesão, nampla e até anchovas.
O doce pode ser mel, melado, açúcar, açúcar de coco, rapadura, meles nativos, tâmaras ou até mesmo um purê de frutas
Nessa anatomia deliciosa, o molho será o coração da nossa salada, o que dará vida para todos os outros ingredientes. Será mais asiática, mais brasileira, mais mediterrânea? Será intrigante, potente? Será mais adocicada, mais delicada?
Agora, para provocar: Quem disse que salada tem que ser fria? No inverno, por exemplo, experimente servir uma salada morna ou em temperatura ambiente!
Salada deve ser sinônimo de sensações, de estímulos, de uma festa na boca!
Pronto! Com esses passos eu te garanto: sua salada será viciante e digna de prato principal! Cabe a você brincar com as combinações, ousar e arriscar. Agora, aí vai uma salada com inspiração Tailandesa que eu fiz aqui em casa e que foi um sucesso:
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